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Renova: Conectando mulheres refugiadas

Renova: ciclo sustentável e de impacto na economia
Conectando mulheres refugiadas ao mercado de trabalho, por meio de empresas com o selo ESG.
O Renova nasceu de um trabalho de conclusão de curso de UX Design da Digital House. A proposta era atender ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 17, da ONU, que propõe parcerias e meios de implementação. Como eu já fazia um trabalho voluntário com pessoas refugiadas, propus o tema e meu grupo não só aceitou, como se dedicou ao máximo para ajudar essa comunidade.
O Renova é uma plataforma de empregos e, futuramente, de cursos.
O público é de mulheres refugiadas no Brasil. Inicialmente, apenas venezuelanas, mas com o objetivo de expandir para todas as refugiadas que busquem emprego.
Ele foi todo pensado para facilitar essa jornada, que pode ser tão dolorosa, e para que elas alcancem o objetivo de recomeçar a vida no Brasil, com meios financeiros de sobrevivência e, principalmente, dignidade.
Vou apresentar um pouco sobre como eu, a Maria Isabela, Tatiana Franco, Thalis Carvalho e Thamiris Sousa desenvolvemos essa solução.
Desk Research

Eu fiquei dedicada à fase de pesquisa desk e amplo benchmarking e, por já conhecer o tema, encontrei informações preciosas sobre a escolha do Brasil como nova casa para pessoas refugiadas. Os números publicados na grande impresa, ONGs e nos programas do Governo Federal mostraram que a maioria dos estrangeiros vem da Venezuela. Novamente, pelo conhecimento prévio e ancorado por esses dados, entendemos que as mulheres são mais vulneráveis e sofrem mais na chegada ao país e na busca por colocação profissional. Foi por isso, que decidimos, pelo menos no MVP, trabalhar apenas com mulheres venezuelanas.
Entrevistas

Entendendo que as mulheres venezuelanas têm muito mais dificuldade de inserção no mercado de trabalho do que os homens venezuelanos (elas são 30% dos empregados e eles, 70%) e do que as brasileiras (apenas 19% das refugiadas têm carteira assinada), delimitei nosso público para as entrevistas e busquei entender suas jornadas, dores, as razões pelas quais vieram para o Brasil e quais as metas e/ou sonhos para o futuro.

Para encontrar essas respostas, eu guiei meu grupo para fazermos entrevistas quantitativa e qualitativa, e um trabalho de etnografia, que foi on-line por conta da pandemia.

- Por que saiu da Venezuela?
- Por que o Brasil foi o país escolhido?
- Quais as dificuldades enfrentadas na chegada? E quais que ainda enfrenta?
- Dados demográficos básicos (idade, estado civil, escolaridade, filhos etc.).
- Opiniões e percepções básicas do Brasil e povo brasileiro?
- Jornada para se estabilizar no Brasil, incluindo busca de emprego.
- Planos para o futuro (curto, médio e longo prazo)?

Com a etnografia, observamos, em grupos fechados de redes sociais, o que as pessoas refugiadas buscam no Brasil, o que precisam, o que oferecem, quais tipos de ajuda eles trocam entre si etc.
Personas

A partir de várias entrevistas com mulheres venezuelanas, representantes de ONGs, responsáveis por imigração; dos formulários quantitativos, bench e uma desk research robusta, conseguimos, por meio de uma análise detalhada, traçar dois perfis predominantes.

Lili Torres:
- Na casa dos 20 a 30 anos
- Vem sozinha para tentar melhorar as condições de vida da família que ficou na Venezuela
- Com formação recente e/ou uma posição profissional ainda não consolidada
- Quer encontrar uma carreira, mas enfrenta muita discriminação

Rubi Gonzales:
- Na casa dos 35 a 45 anos
- Com família e, geralmente, filhos
- Com formação e carreira estabelecida na Venezuela
- Migrou com a família em busca de melhores condições de vida
- Quer recomeçar a carreira ou empreender, mas tem o idioma e a falta de comprovação de certificação como empecilhos

Também definimos drivers de consumo e entendemos que nossas personas se distinguem, principalmente, nessas comparações:
- quer empreender x quer salário fixo
- prioriza o trabalho x quer se qualificar mais
- busca comprovar diplomas e experiências anteriores x aceita oportunidades novas sem ligação ao que já fazia
Jornada da usuária

Ainda com base nas entrevistas em profundidade e em relatos registrados pela grande mídia e por ONGs de acolhimento, conseguimos mapear as principais motivações e o caminho percorrido pelas venezuelanas até a chegada no Brasil e, mais imersos ao nosso projeto, até a busca por inserção no mercado de trabalho. De maneira resumida, vou deixar alguns dos tópicos identificados.

1 - O problema: a crise socioeconômica na Venezuela
A crise se instala na Venezuela e nossa persona se vê na situação de precisar deixar seu país para garantir a sobrevivência, apesar das dificuldades com a travessia, a falta de dinheiro e a despedida de parte da - ou toda - família.

2 - Opção de refúgio: Brasil
No plano de "fuga", um dos destinos mais práticos, baratos e seguros é o Brasil. Com essa decisão, vem o planejamento de roteiro, datas e a missão de conseguir o dinheiro mínimo para cruzar a fronteira.

3 - Chegada no Brasil - primeiras dificuldades
Ao cruzar a fronteira, praticamente todas as pessoas refugiadas são levadas a abrigos. Apesar da primeira sensação de segurança, ainda enfrentam condições de superlotação, vulnerabilidade e a incerteza de como subsistir aqui, além do longo processo para regulamentar a documentação, aprender o idioma e, para autonomia, buscar e encontrar emprego.
E, depois de toda análise, foi assim que defini os principais problemas que queríamos e precisávamos atacar com o projeto.
Os primeiros rascunhos RENOVA

Uffa.. depois desse processo longo e meticuloso de pesquisa, análise e estratégia, começamos a desenvolver nossa solução real. Como tínhamos excelentes designers de interface no grupo, eu coloquei menos a mão na massa nessa etapa, mas participei ativamente dos brainstormings, decisões de layout, cores, logo e, claro, toda arquitetura da informação para chegarmos ao nosso webapp.
Aliás, a decisão de seguir com esse modelo veio, também, de pesquisa. Nossas mulheres, muitas vezes, ganham celulares usados, já mais antigos e com pouca capacidade de armazenamento, por isso não conseguiram baixar um app.
Processo de criação começou o "crazy 8's" e evoluiu para esses sketches acima.

Tom de voz

Sabíamos da dificuldade com o idioma e, por isso, nosso MVP2 veio todo em Espanhol. Mas, antes, pensamos muito no tom de voz. Além de linguagem bem simples e coloquial, escolhemos dois tons majoritários: o amigável e o cuidadoso. Assim, podemos trazer um sentimento de segurança e acolhimento a essas mulheres num momento delicado e de ansiedade.
Testes de usabilidade

Não foi fácil testar nossa solução. Da mesma forma que elas enfrentam dificuldades para buscar emprego na vida real, foi com os testes. Internet fraca, celular travando, falta de energia e várias outras situações atrapalharam nossos planos em meio à pandemia, quando dependíamos exclusivamente de uma conversa online.
Mas também foi assim que vimos que precisaríamos de um webapp muito simples, com poucas telas, poucos passos na jornada e o mais leve possível para que elas conseguissem que ele funcionasse mesmo com todos esses empecilhos.
Além disso, conseguimos melhorar alguns campos de cadastro, que são diferentes e menos complexos na Venezuela, e as ordens das funcionalidades.
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